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Nossa paulicéia: retratos, retalhos...
25/10/2006
Largo da Memória
O Largo da Memória, a partir da escadaria na Rua Cel. Xavier de Toledo, por Adriano Vieland

Para minimamente tentar ilustrar o quanto é valioso o Largo da Memória para a memória (desculpe pelo trocadilho) urbana, irei reproduzir abaixo o texto de autoria de Luís Soares de Camargo, que consta no painel exiplicativo que encontra-se junto das escadarias que dão acesso ao chafariz e ao obelisco.

"O Largo da Memória ou a Ladeira da Memória, era no princípio, o início da 'Rua da Palha' (atual Sete de Abril) localizada no antigo bairro do Piques. Para transpor o Ribeirão Anhangabaú, existia na sua baixada a 'Ponte 7 de Abril'. Local muito tradicional na cidade, era nessa ladeira que se localizava o antigo Mercado de Escravos de São Paulo, cujo barracão ficava onde hoje está a Estação Anhangabaú do Metrô.

A denominação 'Memória', por sua vez, lembra o governo provisório de São Paulo (21/08/1813 a 08/12/1814) composto pelo Bispo D. Mateus de Abreu Pereira, Ouvidor D. Nuno Eugênio de Lossio e pelo Chefe de Esquadra Miguel José de Oliveira Pinto. Foi por ordem desse governo que o Engenheiro Daniel Pedro Muller iniciou a construção da chamada estrada do Piques e outros melhoramentos no local. Em 'memória' deses empreendimentos, bem como do próprio governo (antigamente quando se dizia 'em memória de...' queria se dizer 'em homenagem a...') foi erguido um monumento em forma de pirâmide (ou obelisco) de pedra que ainda existe no local e que é considerado o monumento mais antigo de São Paulo. Também ali foi construído um chafariz denominado como 'Chafariz da Memória'. Conhecido desde então como 'Largo da Memória', este nome se estendeu à ladeira que o margeava.

No ano de 1876 o largo passou por uma grande reforma, embora seu aspecto permanecesse inalterado até sofrer o tratamento que lhe deu o arquiteto Victor Debugras, auxiliado pelo pintor José Wasth Rodrigues (autor do painel histórico em azulejos), por encomenda do então prefeito Washington Luís Pereira de Souza."

São quatro as considerações que posso fazer para aqueles que analisam pela primeira vez o Largo.

Primeiro: diz respeito a sua localização geográfica; nos primórdios, o local servia de ponto de encontro para tropeiros que chegavam à cidade pela Estrada de Sorocaba (atual Rua da Consolação); suas posição foi estratégicamente pensada.

Segundo: se refere ao obelisco - o monumento mais antigo da cidade, inaugurado em 12 de outubro de 1814 (192 anos completos há duas semanas); era ponto de referência na cidade.

Terceiro: está relacionada ao pórtico, ao chafariz, escadarias e paredes azulejadas pintadas a mão - benfeitorias realizadas por toda a ladeira para a comemoração do centenário da Independencia do Brasil, em 1922; o local servia para encontro para intelectuais durante os anos 20 e 30.

Quarto: se dá aos altos e baixos em sua conservação; todo o largo foi recentemente reformado, mas já conta com peças cobertas pelas pretas letras vindas de um infeliz spray.


 

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Publicado por Adriano Vieland às 11:27 | permalink | compartilhar
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