panoramasãopaulo
Nossa paulicéia: retratos, retalhos...
31/10/2006
Edifício Sampaio Moreira
Da Líbero Badaró, um olhar para o alto buscando contemplar cada detalhe do primeiro edifício da cidade, o Sampaio Moreira, por Adriano Vieland

A semente que deu origem a selva de pedra; é assim que podemos descrever em breves palavras o Edifício Sampaio Moreira. Concluído em 1924, foi o primeiro "arranha-céu" de São Paulo, com 13 andares, porão e ático, e seus 50 metros de altura - o que viria a romper os padrões horizontais das construções contemporâneas a sua realização.

Situado na Rua Líbero Badaró, 344-350, voltado ao Vale do Anhangabaú e plenamente visível da Praça Ramos de Azevedo e Viaduto do Chá, foi o edifício mais alto da cidade até a inauguração do seu vizinho, o Martinelli, em 1929, com praticamente o dobro de sua altura.

Projetado por Cristiano Stockler das Neves e financiado pelo comerciante português José de Sampaio Moreira, exibe de forma clara o momento de transição da arquitetura inspirada em linhas francesas, ornamentadas, para as linhas americanas, verticais.

Incrívelmente bem conservado, porém com diversos andares comerciais disponíveis, no térreo conta desde sua inauguração, com um dos patrimônios comerciais da cidade, a tradicional mercearia Godinho, famosa pelo excelente bacalhau norueguês que comercializa, além de vinhos, destilados, azeites, compotas, entre outros.


 

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30/10/2006
Copan
Sob seu sinuoso traço, o inconfundível Copan, por Adriano Vieland

Avenida Ipiranga, 200. O mais belo dentre os edifícios modernos de São Paulo fica nesse endereço - "nosso Copan", grande tesouro da paulicéia, protegido pelo patrimônio histórico, guarda o sinuoso traço projetado em 1951 por Oscar Niemeyer.

Com seus 35 pavimentos e 1160 apartamentos, inagurado em 1957, foi construído em alvenaria de tijolos e estrutura de concreto; seu histórico remonta ao início dos anos 50, quando a Companhia Panamericana de Hotéis e Turismo idealizou um complexo composto de dois prédios - no primeiro funcionaria um hotel de luxo, com teatro e cinema, e no segundo, um conjunto habitacional e centro comercial.

Durante as obras, com um outro grupo assumindo o empreendimento, o projeto original foi alterado, e o hotel, desconsiderado; no seu lugar foi construído um edifício de 17 andares, este projetado por Carlos Lemos, compondo o conjunto.

O Copan de Niemeyer transpira uma leveza, que de longe lembra uma bandeira tremulando; ele é único, gigantesco: é o "nosso Copan".


 

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29/10/2006
Da Consolação para o Itália
Na brecha entre os verticais, o Edifício Itália é visto a partir da Rua da Consolação, por Adriano Vieland

Numa foto rápida durante o passeio na Rua da Consolação, entre os verticais de concreto surge o Edifício Itália.


 

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28/10/2006
Edifício Viadutos
Foto do Edifício Viadutos e sua incomparável arquitetura kitsch, por Adriano Vieland

Resquício do glamour dos anos 50, o Edifício Viadutos foi projetado pelo claustrofóbico - por isso os amplos e futuristas espaços de suas unidades - "arquiteto autodidata" Artacho Jurato.

Inaugurado em 1955, o edifício residencial mistura uma série de elementos arquitetônicos - o rococó, árabe, chinês, etc. - tornando-se um dos únicos exemplos kitsch da cidade.

Situado na Praça General Craveiros Lopes, 19, próximo da Câmara Municipal, e dos viadutos Jacareí e 9 de Julho, conta com 368 unidades, 27 andares e seu destaque fica, sem sombra de dúvida, para o salão de festas, no terraço, de onde se tem uma vista panorâmica dos quatro cantos da cidade.


 

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27/10/2006
Cão, Chá e solidão
O caminho solitário do cão cruzando o Viaduto do Chá, por Adriano Vieland

Das cenas inesperadas do cotidiano no coração da cidade, o solitário cão cruza, numa manhã de domingo, um aliviado e vazio Viaduto do Chá.


 

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26/10/2006
Edifício Altino Arantes
Do cruzamento da Líbero Badaró com a São João, o Edifício Altino Arantes, o - Prédio do Banespa - por Adriano Vieland

Esse é dos famosos, e com certeza você conhece; o nome pode variar, "Torre do Banespa", "Prédio do Banespa", "Edifício do Banespa", "Altino Arantes", seja como for, o que jamais é esquecido é seu característicos e inigualável traço. Inaugurado em 1947, é único na cidade, não tem como ser confundido. É um marco.

Justamente por não passar despercebido, o que apresento hoje são algumas curiosidades sobre o mais famoso dos edifícios da paulicéia. A primeira diz respeito ao projeto do Edifício Altino Arantes, de autoria do engenheiro e arquiteto Plínio Botelho do Amaral; os traços originalmente planejados foram alterados pela construtora Camargo & Mesquita, para que a construção ganhasse certa semelhança ao Empire State Building, de Nova York.

Outro dado interessante apresentado é que, na década de 40, o edifício foi considerado a maior construção em concreto armado no mundo, uma vez que essa técnica se diferencia da empregada, por exemplo, nos arranha-céus americanos, como o próprio Empire State ou o Chrysler Building, seus contemporâneos, erguidos a partir de estruturas metálicas.

A fama e visibilidade não se dá somente pelo seu inconfundível traçado, mas também por estar estrategicamente posicionado no ponto mais alto do Centro da cidade, não muito distante da "colina histórica" do Pátio do Colégio, que deu origem a cidade.

Tem 161,22 metros de altura (durante três décadas foi o mais alto do Brasil), 35 andares, 14 elevadores e mais de 1110 janelas; dispõe de um museu com centenas de objetos e mobiliários raros, obras de arte, fotografias, tapetes, entre outros; em seu hall de entrada conta com um lustre de 13 metros de altura, 1,5 toneladas, 150 lâmpadas e 10 mil peças de cristal.

Do mirante do terceiro maior edifício da cidade, uma visão única em 360º da cidade, permitindo em dias claros uma visibilidade de um raio de até 40km. De lá, a certeza de quão gigantesca, bela e geométricamente confusa é a nossa São Paulo.


 

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25/10/2006
Largo da Memória
O Largo da Memória, a partir da escadaria na Rua Cel. Xavier de Toledo, por Adriano Vieland

Para minimamente tentar ilustrar o quanto é valioso o Largo da Memória para a memória (desculpe pelo trocadilho) urbana, irei reproduzir abaixo o texto de autoria de Luís Soares de Camargo, que consta no painel exiplicativo que encontra-se junto das escadarias que dão acesso ao chafariz e ao obelisco.

"O Largo da Memória ou a Ladeira da Memória, era no princípio, o início da 'Rua da Palha' (atual Sete de Abril) localizada no antigo bairro do Piques. Para transpor o Ribeirão Anhangabaú, existia na sua baixada a 'Ponte 7 de Abril'. Local muito tradicional na cidade, era nessa ladeira que se localizava o antigo Mercado de Escravos de São Paulo, cujo barracão ficava onde hoje está a Estação Anhangabaú do Metrô.

A denominação 'Memória', por sua vez, lembra o governo provisório de São Paulo (21/08/1813 a 08/12/1814) composto pelo Bispo D. Mateus de Abreu Pereira, Ouvidor D. Nuno Eugênio de Lossio e pelo Chefe de Esquadra Miguel José de Oliveira Pinto. Foi por ordem desse governo que o Engenheiro Daniel Pedro Muller iniciou a construção da chamada estrada do Piques e outros melhoramentos no local. Em 'memória' deses empreendimentos, bem como do próprio governo (antigamente quando se dizia 'em memória de...' queria se dizer 'em homenagem a...') foi erguido um monumento em forma de pirâmide (ou obelisco) de pedra que ainda existe no local e que é considerado o monumento mais antigo de São Paulo. Também ali foi construído um chafariz denominado como 'Chafariz da Memória'. Conhecido desde então como 'Largo da Memória', este nome se estendeu à ladeira que o margeava.

No ano de 1876 o largo passou por uma grande reforma, embora seu aspecto permanecesse inalterado até sofrer o tratamento que lhe deu o arquiteto Victor Debugras, auxiliado pelo pintor José Wasth Rodrigues (autor do painel histórico em azulejos), por encomenda do então prefeito Washington Luís Pereira de Souza."

São quatro as considerações que posso fazer para aqueles que analisam pela primeira vez o Largo.

Primeiro: diz respeito a sua localização geográfica; nos primórdios, o local servia de ponto de encontro para tropeiros que chegavam à cidade pela Estrada de Sorocaba (atual Rua da Consolação); suas posição foi estratégicamente pensada.

Segundo: se refere ao obelisco - o monumento mais antigo da cidade, inaugurado em 12 de outubro de 1814 (192 anos completos há duas semanas); era ponto de referência na cidade.

Terceiro: está relacionada ao pórtico, ao chafariz, escadarias e paredes azulejadas pintadas a mão - benfeitorias realizadas por toda a ladeira para a comemoração do centenário da Independencia do Brasil, em 1922; o local servia para encontro para intelectuais durante os anos 20 e 30.

Quarto: se dá aos altos e baixos em sua conservação; todo o largo foi recentemente reformado, mas já conta com peças cobertas pelas pretas letras vindas de um infeliz spray.


 

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24/10/2006
A sorte de Camões e a tristeza de Mário
Flagrante da estátua em homenagem à Camões, diante da fachada pixada da Biblioteca Mário de Andrade, por Adriano Vieland

É sorte de Camões estar de costas para um vergonhoso exemplo de manifestação de ignorância, tristemente tão comum em nossa cidade. Não há outra forma de expressar tamanho descaso explícito; é de se indignar, sentir náuseas, nojo da pobre alma que se pré-dispõe a expressar o tamanho de sua pequenice escalando as paredes da Biblioteca Mário de Andrade e simplesmente descarregar sua lata de spray.

A biblioteca é a mais importânte da cidade, com um dos acervos mais expressivos do país; conta com mais de meio milhão de livros e dezenas de milhares de periódicos, mapas e coleções de arte.

Fundada como Biblioteca Municipal de São Paulo, em 1925, funcionou durante 15 anos na Rua 7 de Abril, mas com o passar dos anos, foi necessária a transferência para um local que comportasse o aumento, tanto do acervo quanto do número de consulentes.

Assim, no dia 25 de janeiro de 1942 o então prefeito Prestes Maia inaugurou oficialmente o atual prédio, idealizado por Rubens Borba de Morais, localizado na Rua da Consolação, 94. Em 1960, como forma de homenagem, a biblioteca recebeu o nome do autor modernista.

Citando Luis de Camões, aqui fica uma reflexão: "Jamais haverá ano novo se continuar a copiar os erros dos anos velhos" e parafraseando Mário de Andrade "Tenhamos paciência, andorinhas curtas, só o esquecimento é que condensa..."


 

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23/10/2006
Mirante do Vale
Ao amanhecer, visto do Viaduto Santa Ifigênia, o maior edifício do Brasil - o Mirante do Vale, por Adriano Vieland

Um ilustre desconhecido merecedor de respeito; inaugurado em 1960 com o nome de Palácio Zarzur Kogan e renomeado na década de 80 para Edifício Mirante do Vale, é o mais alto edifício, não apenas de São Paulo, como também de todo o Brasil.

É muito comum ouvir a equivocada informação de que o Edifício Itália, na região da Praça da República, é o edifício mais alto da cidade, mas isso se deve à sua localização geográfica, mais alta que a do referido Mirante, que como o próprio nome diz, fica num vale - quando analisado o panorama da cidade à distância, no horizonte, o mirante fica "escondido" entre as construções em posições mais altas. Se verificadas as alturas dos dois edifícios, o Mirante possui 170 metros, enquanto o Itália conta com 165.

Pelos seus 51 andares circulam diariamente uma média de 40 mil pessoas, e certamente se você alguma vez já cruzou o Viaduto Santa Ifigênia, no coração da cidade, não teve como não notá-lo, no seu sólido descanso junto à Avenida Prestes Maia, 241.


 

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22/10/2006
A capela
Detalhe da grade de protege a Capela da Santa Cruz das Almas dos Enforcados, na Praça da Liberdade, por Adriano Vieland

Domingo de manhã, feira tradicional na Praça da Liberdade. Num retrato rápido, corrido, voltado para o lado direito do caminho que leva à Rua dos Estudantes, o detalhe da grade de proteção à Capela da Santa Cruz das Almas dos Enforcados, de 1891.

Revitalizada - não faz muito tempo - e mantendo seu aspecto sóbrio, é sempre lembrada por aqueles que oram às almas, e respeitam o triste legado de um passado sombrio da região onde a capela está localizada - Ali existiu o Largo da Forca, assunto para um próximo dia.


 

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21/10/2006
Trois, deux, un
No conjunto de prédios na Avenida Liberdade, junto do Viaduto Guilherme de Almeida, o flagrante de dois prédios reformados e um abandonado - triste desentendimento, por Adriano Vieland

Por que dois e não três? Questionamentos a parte, o que pelo menos a imagem demonstra é o quanto pode ser interessante uma boa avaliação e estudo de uso de um prédio antes de simplesmente decidir por sua demolição - para dar espaço, geralmente, à um amplo e ventilado estacionamento - ou simplesmente legar seu passado ao abandono. Borracha na memória.

No conjunto de três prédios localizados na Avenida Liberdade, junto do Viaduto Guilherme de Almeida, dois foram devidamente reformados e servem como estabelecimentos comerciais, porém, como pode-se notar sem grande esforço, o prédio central não mereceu a mesma atenção ou interesse; o pobre e triste pato-feio da história dos três siameses demonstra o estado de degeneração em que todo o conjunto poderia se encontrar.

É por esse motivo que novamente pergunto: Por que dois e não três? Se alguém souber, por favor, sinta-se a vontade de me informar.


 

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20/10/2006
Vagas
Num retrato corrido, junto da campainha, em uma porta de pensão na Rua São Joaquim, uma pequena placa bilíngüe indicando a existência de vagas, por Adriano Vieland

Um retrato corrido, flagrando elementos inusitados ao nosso olhar, e possíveis somente em uma cidade como São Paulo. Na Rua São Joaquim, junto da campainha na porta de uma pensão familiar, numa pequena placa bilíngüe o aviso de vagas.


 

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19/10/2006
Casa do Sítio da Ressaca
Em uma manhã ensolarada, em foto tirada a partir da Rua Nadra Raffoul Mokodsi, a preciosa Casa do Sítio da Ressaca, por Adriano Vieland

Está no Jabaquara? Tem algum tempo livre? Quer investir nesse tempo? Conheça então a Casa do Sítio da Ressaca.

Aquela casinha - "feia" pra muita gente - branquinha, perdida dentro do Centro Cultural Jabaquara, na verdade é um dos raros exemplares de casas bandeiristas da cidade; com paredes feitas de pau-a-pique, empregando a técnica de taipa-de-pilão, a construção, é de 1719.

Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1978, o imóvel recebeu esse nome por estar próximo - quando em seu estabelecimento e construção - do Córrego do Barreiro, conhecido como o Córrego da Ressaca.

Serviu de residência, e teve seu uso rural até o final da década de 60, quando seu último proprietário - Antonio Cantarella - efetivou seu loteamento e iniciou o processo de urbanização do bairro do Jabaquara. Nesse mesmo período, boa parte dos imóveis da região foram desapropriados para servir de abrigo ao pátio de manobras das futuras instalações do metrô.

Após algumas reformas, e sustos, como o incêndio parcial ocorrido em 1986, a casa serviu de sede, entre 1991 e 2002, do Acervo da Mamória e do Viver Afro-Brasileiro. Hoje simplesmente está lá, no número 3 da Rua Nadra Raffoul Mokodsi.


 

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18/10/2006
Beneficência Portuguesa
Detalhe das janelas em um dos grandes blocos que compõem o Hospital Beneficência Portuguesa, por Adriano Vieland

Um hospital; os ares se misturam entre a esperança e a preocupação, um clichê de alegria e tristeza; ritmo acelerado na busca pela precisão, solução, cura. Nada mais do que comum - rotineiro - num hospital.

Junte fluxo, vozes, informação, estudos, antibióticos, choros e tosses, adicione 147 anos de história, tradição e vanguarda nos tratos com a saúde em São Paulo.

Constituída Real e Benemérita Associação Portuguesa de Beneficência, em 1859, por 118 portugueses, se deu a origem, em 1874, do Hospital Beneficência Portuguesa, disponibilizando naquele momento 13 leitos - insignificante nos atuais tempos, mas algo que em muito repercutiu nos fins do século XIX. Hoje, o Beneficência é o maior complexo hospitalar privado da América Latina; corpo clínico composto por mais de 1400 profissionais, 5000 funcionários, 55 salas cirúrgicas e aproximadamente 1740 leitos.

Incontáveis foram às vezes que, cruzando o viaduto que leva o nome do hospital, me flagrei parado, apenas olhando aqueles grandes blocos brancos forrados de janelas, simetricamente alinhadas, algumas abertas, outras tantas fechadas; os grandes blocos brancos silenciosos.


 

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17/10/2006
Paraíso torto
Destaque para a placa indicando a Rua do Paraíso, sob a parede pixada, na esquina com a Rua Vergueiro, por Adriano Vieland

Está na Paulista? Na Praça Oswaldo Cruz? Na Bernardino de Campos? Com as bençãos da Nossa Senhora do Paraíso e de Santa Generosa, siga seus orientados passos como quem deseja atingir a Aclimação. Nada de pressa, pois todo o entorno já se encarrega de fazer isso por você.

A linha é reta, o caminho é simples; cruze os dedos, cruze o viaduto sobre a Vinte e Três. Pouco fôlego, poucos passos: pronto, este é o Paraíso (?). Questionamento ou conclusão? Paraíso? Talvez em outro instante; hoje o que se testemunha é mais uma pobre vítima do esquecimento. Nossa caótica amnésia urbana.

A certeza vem, de leve, tentar nos pregar uma nova peça, mas está lá, com letras brancas, gélidas, em caixa alta, sobre a placa azul-marinho feita de metal. Enraizada sobre o barro queimado dos tijolos, a placa é explícita, curta e grossa no discurso: é a Rua do Paraíso.

Servindo de "suporte à placa", a construção da esquina com a Rua Vergueiro, sem mais informações, talvez seja contemporânea dos tempos em que ali cruzavam bondes, ou de quando ali, fundações para a construção da estação de metrô foram realizadas.

É uma outra parede de tijolos, tristes, maltratados, tatuados com os indecifraveis códigos riscados com o spray de tinta preta, mas que mesmo assim nos faz questão de lembrar que ali, ali é o caminho, é a Rua do Paraíso.


 

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16/10/2006
Shuhei Uetsuka
Destaque para a estátua de Shuhei Uetsuka, pioneiro da Imigração Japonesa, localizada no Largo da Pólvora, por Adriano Vieland

A estátua de Shuhei Uetsuka é uma homenagem da colônia Nipo-Brasileira ao pioneiro da Imigração Japonesa; ela se encontra no Largo da Pólvora, situado na Avenida Liberdade, próximo do prédio da FECAP. Dados históricos-culturais relacionados ao referido largo simplesmente ficam em segundo plano se analisarmos seu atual estado de conservação.

A situação na qual se encontra o largo, que poderia ser um belíssimo exemplar de praça em estilo oriental, é desesperadora, triste, lamentável e vergonhosa; um soco no estômago, capaz de acabar com qualquer passeio de manhã de domingo, e certamente não-incluído em qualquer programação de city-tour oferecido por agências de turismo na capital.

A água que deveria estar presente nos espaços reservados aos lagos para carpas - também inexistentes - foi devidamente substituída por poças de urina e água podre, onde as mais diversas espécies de larvas de mosquito tem a chance de se desenvolver e as ratazanas de se banhar; nos jardins, a presença marcante não é a do corte simétrico, a perfeita geometria oriental, e sim do capim, que cresce de forma desordenada.

Por de trás da falsa proteção das grades sujas que cercam o largo, e fazendo a decadente companhia ao velho Shuhei, o descaso desconcertante do lixo; incontáveis caixinhas vazias e maços amassados de cigarro, bitucas amareladas, garrafas quebradas, sacos de lixo, garrafas pet, embalagens do mais variados tipos e tamanhos, restos de madeira, excrementos, papelão e lata velha; soa de maneira patética a trancafiada presença de cestos direcionados à campanha seletiva de lixo; reciclada deveria ser a vergonha de cada um que passa e se contenta com o atual e surrado Largo da Pólvora; triste a companhia de um pioneiro homenageado. Quem deveria estar ao lado dele? É merecido esse destino? Salvem o Largo da Pólvora.


 

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15/10/2006
Trilho
Detalhe do trilho, na Estação Vila Olímpia, a partir da plataforma de embarque, por Adriano Vieland

Inaugurada em novembro de 2001, ao lado da Usina Elevatória da Traição, próximo do cruzamento da Marginal Pinheiros com a Avenida dos Bandeirantes, a estação Vila Olímpia é a mais recente das estações que compõe o chamado Ramal de Jurubatuba (que em resumo, podemos considerar a "linha" que corre em paralelo com o Rio Pinheiros); além disso é a mais "jovem" estação ferroviária do Estado.

A necessidade de sua construção está plenamente relacionada a explosão imobiliária ocorrida no bairro da Vila Olímpia, que passou, a partir da década de 90, a ser procurada por empresas dos mais diversificados segmentos, para a disponibilização de seus escritórios, em função, é claro, de sua estratégica localização entre os bairros de Pinheiros, Itaim, Brooklin, Moema, a região da Berrini, a Avenida dos Bandeirantes, a Marginal Pinheiros, o Aeroporto de Congonhas, a Avenida Santo Amaro, etc.


 

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14/10/2006
Galho, parede e janela
Flagrante do galho de árvore atravessando as janelas das ruínas da Escola Estadual Campos Sales, na Rua São Joaquim, por Adriano Vieland

Não é todo o dia que nos deparamos com uma cena dessas: o galho cumprimenta as paredes, pede licença, e entra pela janela, mas faz visita rápida, fugindo pelo outro lado.

Trata-se das ruínas da Escola Estadual Campos Sales, na Rua São Joaquim, 288, na Liberdade. Projetada em 1911 pelo arquiteto italiano Giovanni Battista Bianchi, o edifício, tombado como Patrimônio do Estado, foi abandonado em 1992, após um incendio.

Um providencial restauro está programado para breve, de forma que a partir de 2008, ano do Centenário da Imigração Japonesa, o local passe a servir às atividades culturais do Instituto Manabu Mabe. É torcer para ver, o uso e re-conversão de um espaço abandonado à cultura.


 

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13/10/2006
A cabeça
A chamativa cabeça localizada no edifício do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, por Adriano Vieland

Ao se deparar com o edifício do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, antigo Primeiro Tribunal da Alçada Civil, originalmente sede da Bolsa de Valores de São Paulo, constate o quanto pode ser fabuloso o bom gosto aliado à arquitetura.

Situado na esquina da Rua Anchieta com o Pátio do Colégio, o edifício, de 12 andares, planejado pelo Escritório Técnico Ramos de Azevedo, Severo e Villares, exibe traços únicos, com ornamentos inspirados na arquitetura maia mesclados a referências mitológicas; concluído em 1930, tem em sua face, justamente voltada para a esquina citada, uma grande cabeça, e não apenas servindo de suporte visual a construção, mas numa aparente posição de guarda; o sentinela do Pátio.


 

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12/10/2006
As crianças de Ramos de Azevedo
Ornamentos na fachada do edifício da Secretaria da Fazenda, de 1896, ao lado do Pátio do Colégio, por Adriano Vieland

Detalhe dos ornamentos da fachada de um dos edifícios utilizados hoje pela Secretaria da Fazenda, no Pátio do Colégio. Inaugurado em 1896, servia originalmente como sede da Secretaria da Agricultura; com linhas inspiradas na Renascença alemã, faz parte do conjunto, juntamente com a contrução vizinha (de 1891), também utilizada pela Secretaria da Fazenda, dos primeiros edifícios públicos projetos por Ramos de Azevedo.

Ícone da arquitetura da metrópole, Francisco de Paula Ramos de Azevedo, com seu escritório, respondeu pelo projeto de considerável parte dos edifícios históricos que fácilmente reconhecemos na cidade, como o Teatro Municipal, junto do Viaduto do Chá, o edifício dos Correios e Telégrafos, no Vale do Anhangabaú, o Mercado Municipal e o Palácio das Industrias, nas proximidades do Tamanduateí, o colégio Caetano de Campos, na Praça da República, o Batalhão Tobias de Aguiar, junto do metrô Tiradentes, o Palácio da Justiça, ao lado da Catedral da Sé, a Pinacoteca do Estado, na Luz, a Casa das Rosas, na Avenida Paulista, entre outros.


 

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11/10/2006
Casa número 1
Vista da entrada da Casa número 1, chalé construído em 1880, situado na Rua Roberto Simonsen, próximo ao Pateo do Collegio, por Adriano Vieland

No final do século XIX, surgiam com toda pompa em São Paulo, hotéis, bancos, edifícios de escritórios, sedes administrativas, estações ferroviárias, escolas, indústrias, etc., demonstrando e comprovando toda a vitalidade capitalista da cidade dos barões.

Nos arredores do triângulo histórico (cujo vértices eram contituidos pelos coventos de São Francisco, São Bento e do Carmo), onde a cidade passou a se formar, cresciam ricos palacetes e incontáveis chalés, estes últimos muito populares durante os anos de 1870 e 1880, mas que de um modo ainda mais rápido "passaram de moda", e acabaram sendo demolidos ou reformados, desaparecendo da cidade.

Desse estilo - e período - a única construção ainda presente em nossos dias é a antiga residência do Major Banedito Antônio da Silva; construído em 1880, com uma mistura de taipa de pilão e tijolos e sobre a base de uma das primeiras construções da capital, o chalé - apelidado de Casa número 1 - já serviu de colégio, órgãos ligados a Polícia Federal, instituições culturais, além do Arquivo Histórico Municipal; timidamente localizado na Rua Roberto Simonsen, 136B, próxima ao Pateo, entre o Solar da Marquesa e a casa de Anchieta, hoje encontra-se fechado para reformas.

Em sua visita à Casa número 1, atente-se às características únicas e em boa parte originais da construção, como o frontão triangular, gradil, alpendre e janelas em estilo art déco.


 

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10/10/2006
No saguão, olhe para o alto
O teto do saguão central do Aeroporto de Congonhas e suas linhas futuristas, refletindo o glamour da década de 30, por Adriano Vieland

Inaugurado em 1936, o Aeroporto de Congonhas, antes de revolucionar o mercado brasileiro sobre os mais diversos aspectos - da tecnologia ao desenvolvimento industrial brasileiro - presenteou os olhos paulistanos com o glamour de sua arquitetura de linhas futuristas projetadas por Ernani de Val Penteado.

Entre murais, corredores infinitos, corrimões de aço, escadarias, abstracionismos geométricos, pisos quadriculados, filas, cafés, carrinhos e correrias, no saguão central deposite alguns segundos de sua atenção para as linhas ovaladas do teto, e imagine-se 70 anos atrás.


 

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09/10/2006
Aflita suzurantõ
Detalhe do descuido presente nas tradicionais lanternas suzurantõ no bairro da Liberdade, por Adriano Vieland

No final da década de 60, graças à uma iniciativa da Associação da Liberdade, o bairro oriental de São Paulo passou por uma grande transformação, recebendo sua tradicional decoração inspirada nos traços arquitetônicos japoneses, fortemente destacada pelas lanternas suzurantõ.

Ícones culturais da metrópole, as lanternas cobrem boa parte das ruas do bairro da Liberdade, porém, é triste constatar que essa bela homenagem à nação japonesa encontra-se tão surrada e esquecida em alguns locais, como no Beco dos Aflitos, onde foi tirada essa foto.


 

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08/10/2006
Asfáltica
Foto da Radial Leste, no sentido Zona Oeste, a partir do Viaduto Cidade de Osaka, no bairro da Liberdade, por Adriano Vieland

Uma teia, um emaranhado pavimentado, indefinido, e boa parte das vezes, maltratado; o automóvel chegou a São Paulo no início do século XX, mas foi em 1919, quando a Ford Motor Company instala sua primeira linha de montagem na rua Florêncio de Abreu (eram apenas 12 funcionarios dedicados à montagem do clássico Ford Bigode a partir de peças importadas) que o setor passa a "progredir"; desse artesanal início, passam-se décadas de ascensão manca, paralelamente exigindo a implantação de vias de transito.

A capital conta com aproximadamente 16 mil quilômetros de vias pavimentadas, em sua maior parte, asfaltadas, por onde circulam - caoticamente - cerca de 5 milhões de veículos (25% da frota nacional).


 

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07/10/2006
O banco literário
Detalhe para o banco localizado junto do Centro Cultural Banco do Brasil, no cruzamento das ruas da Quitanda e Álvares Penteado, por Adriano Vieland<br />

Um pequeno detalhe na atmosfera cultural existente entre as ruas da Quitanda e Álvares Penteado, de frente para o histórico prédio onde hoje encontra-se o Centro Cultural Banco do Brasil.


 

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06/10/2006
Lampião de gás!
Um dos raros exemplares de lampião a gás, localizado ao lado da Casa de Anchieta, no Pateo do Collegio, por Adriano Vieland

Instalados em 1872 pela São Paulo Gás Co., de Londres, em substituição aos lampiões a querosene, alguns lampiões a gás - recuperados em 2001 - ainda se fazem presentes nas próximidades do Pátio do Colégio.

Uma música lançada em 1958, um clássico da música popular brasileira, de autoria de Zica Bergami, retrata com poucas e sensíveis palavras, uma noite da São Paulo antiga, da qual a compositora foi testemunha:

"Lampião de gás", Zica Bergami

Lampião de gás!
Lampião de gás!
Quanta saudade
Você me traz!

Da sua luzinha verde-azulada
Que iluminava minha janela
Do almofadinha, lá na calçada
Palheta branca, calça apertada

Do bilboquê, do diabolô,
"Me dá foguinho" - "vai no vizinho",
De pular corda, brincar de roda,
De benjamim, jagunço e chiquinho...

Lampião de gás!
Lampião de gás!
Quanta saudade
Você me traz!

Do bonde aberto, do carvoeiro,
Do vassoureiro, com seu pregão,
Da vovozinha, muito branquinha,
Fazendo roscas, sequilhos e pão.

Da garoinha, fria, fininha,
Escorregando pela vidraça,
Do sabugueiro, grande e cheiroso,
Lá no quintal, da rua da Graça

Lampião de gás,
lampião de gás!
Quanta saudade,
você me traz!


 

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05/10/2006
Galeria do Rock
Um dos vãos existentes entre os andares da galeria, visto do último andar, por Adriano Vieland

O Shopping Center Grandes Galerias, localizado entre a Avenida São João, 439, junto ao Largo do Paissandu, e a Rua 24 de Maio, 62, é um paraíso, um abrigo, refúgio, ponto de encontro. A "Galeria" é um show! Bom, pelo menos esse é o sentimento dos amantes do bom e velho rock'n roll (e me incluo nessa lista).

O prédio comercial foi fundado em 1963 e teve o projeto arquitetônico de Alfredo Mathias, que buscou inspiração nas linhas de Oscar Niemeyer (nota-se muito bem isso nas formas onduladas de sua fachada e em cada vão disposto entre os andares do prédio).

Em sua origem, a Galeria contava com estabelecimentos de diversos segmentos, de salões de beleza à assistências técnicas, porém, a partir dos anos 70, com a instalação da loja de discos Baratos Afins, foram se multiplicando as lojas especializadas em música, a ponto de praticamente 200 de seus 450 estabelecimentos serem desse segmento.

Na primeira versão do Panorama São Paulo, no dia 15 de abril de 2003, escrevi uma crônica sobre minha primeira visita à Galeria do Rock, e como viciei em ir lá; abaixo segue a reprodução dessa crônica.

"Era um sábado, novembro de noventa e cinco. O dia, eu não sei. Eu vestia uma camiseta dos Sex Pistols, branca, a estampa com o rosto de Sid Vicious na frente e o logotipo clássico junto à capa de Never Mind The Bullocks, nas costas. Fomos, eu e meu pai, comprar componentes eletrônicos na Santa Efigênia.

Na volta, chegando ao largo da Santa, entramos à direita, na Antônio de Godói, até o Largo do Paissandu (que deveria ser do Paiçandu, mas esse desrespeito à Gramática, no momento, não vem ao caso nem altera a história). Contornamos a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Paulo, chegando à São João.

Enquanto o semáforo dava passagem aos automóveis e impedia a nossa, eu ficava observando o caos: letreiros, placas, faixas, pessoas, pombas, ônibus, fumaça, barulho. Sinal vermelho, "corre moleque, corre", e pronto: chegamos ao Shopping Center Grandes Galerias que, à primeira vista, além de não se parecer com o que estamos acostumados a chamar de shopping center, é pra lá de esquisitão.

Da entrada, na São João, duas rampas: uma descendente e a outra ao contrário. A primeira, conduzindo ao sub-solo: lojas especializadas em hip-hop, rap, black, afro, samba, alguma música eletrônica, botequins, cabeleireiros e afins. Não descemos, afinal, eu era o rock. Subimos a outra, acesso ao térreo: lojas de roupas e calçados, chaveiros, mais botecos, duas escadas rolantes (bem... , uma realmente rolante, subindo, e outra estanque, parada, nem subindo, nem descendo, morta) e a outra entrada das galerias, pela rua 24 de Maio.

Haveria uma certa simetria das lojas com relação às duas entradas, como se houvesse um espelho, onde tudo o que houvesse de um lado, haveria do outro. Atrapalhando a perfeição, havia o mezanino com a sex shop, voltado apenas para a São João.

Subindo ao primeiro andar, eu me encontrei perdido num paraíso: nunca vira tantos discos, CDs, pôsteres, cabeludos, cabeludas; nem sentira a combinação do aroma de sanduíche de pernil e com o odor de tinta para silk-screen (especialidades do local).

Daí em diante, subia andares... descia andares... ia por escadas rolantes que rolavam... escalava aquelas rolantes que não rolavam... me enrolava em escadas enroladas que não eram rolantes... e caminhava sobre o chão quadriculado, envolvido em cheiro de pernil e grades, lojas, Raul Seixas, arrulho de pombinhas, odor de silk-screen, carecas, John Lennon, cabeludos, churrasquinho grego com groselha grátis, e o barulhinho do motor agudo da máquina de tatuagem, ligando-desligando o tempo inteiro, vertiginosamente... viajando naquela série de enormes vãos - anéis que cortam o chão da galeria em vários andares -, eu me debruçava e olhava três, quatro andares lá pra baixo, me apoiando na grade alaranjada e molenga.

Boa parte de uma manhã na trilha de prazeres torturantes, sem um trocado no bolso sequer que desse pra eu comprar um broche...

E foi assim que eu viciei em ir à Galeria."


 

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04/10/2006
Vigília contínua
Imagem de Nossa Senhora em frente a Igreja da Ordem Terceira do Carmo, por Adriano Vieland

Numa manhã nublada, nota-se que discretamente, do outro lado da praça, Nossa Senhora observa de modo atento e centrado ao ininterrupto e caótico movimento da Praça da Sé, sua catedral, o Marco Zero, seus visitantes, moradores, perdidos e adoradores.

A pequena estátua ergue-se na frente de um verdadeiro tesouro esquecido, a Igreja da Ordem Terceira do Carmo, na Rua Rangel Pestana, 230, junto das praças Clóvis Bevilaqua e da Sé.

Histórica, praticamente engolida pelo edifício da Secretaria da Fazenda, a igreja sofreu incontáveis obras e mudanças estruturais desde sua inauguração, no ano de 1632.

É perceptível a necessidade por restauros, limpeza e revitalização; trata-se de uma relíquia de nosso patrimônio histórico - comparável as mais belas construções barrocas de Ouro Preto. Entre suas marcantes caractéristas, estão as paredes de taipa original, sua torre (que data de 1900), e seu interior, onde pode-se contemplar um raro exemplar de altar de madeira, do século XVIII em estilo rococó, imagens sacras vindas de Portugal no século XIX, e um órgão de 1930 em pleno funcionamento.

De autoria de Pedro Alexandrino, o painel presente no teto data de 1890, e do frei Jesuíno do Monte Carmelo são as pinturas do forro da capela e dos 24 beatos presentes no coro, que são de 1798. Realmente vale uma visita.


 

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Publicado por Adriano Vieland às 09:01 | permalink | compartilhar
03/10/2006
Mosaico marroquino
Parte do mosaico presente no monumento em homenagem a um rei do Marrocos, diante da Catedral Metropolitana Ortodoxa, por Adriano Vieland

É impossível não notar a grandiosidade da Catedral Metropolitana Ortodoxa de São Paulo, com sua cúpula dourada, quando se cruza a Rua Vergueiro (altura do número 1515), nas proximidades da estação Paraíso do Metrô.

Porém se faz timidamente presente, bem a sua frente, cercada e sob árvores numa pequena praça - servindo de abrigo para moradores de rua - um monumento cujo placas explicativas, sujas e deterioradas, impedem a identificação de autoria, construção, etc., mas onde pode-se contemplar um belíssimo mosaico composto de pedras coloridas, talvez único na cidade.

Questionava o por quê de a Catedral não conservar tal monumento; pesquisei, entrei em contato e descobri que na realidade, apesar de sua localização, o monumento nada tem a ver a igreja ou a religião ortodoxa; na realidade trata-se de uma obra inacabada - deveria ser uma fonte d'água, um chafariz - que homenageia um rei do Marrocos.


 

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Publicado por Adriano Vieland às 08:36 | permalink | compartilhar
02/10/2006
Glória imortal
Monumento de Glória Imortal aos Fundadores de São Paulo localizado no Pateo do Collegio, por Adriano Vieland

Não é necessário ser uma pessoa detalhista ou atenciosa para encontrar o monumento "Glória Imortal aos Fundadores de São Paulo", afinal ele, de maneira imponente, se faz presente no Pátio do Colégio, ou se preferir, "Pateo do Collegio", local onde tudo começou, onde a metrópole nasceu, e que não por acaso, foi escolhido como tema deste primeiro post.

O monumento é de autoria do italiano Amadeu Zani (1869 - 1944), e conforme os dizeres de sua surrada placa explicativa, homenageia os primeiros habitantes da cidade: índios, padres jesuítas e portugueses. A implantação do monumento naquele local reforça a idéia do "Pateo" como o berço da cidade.

As peças em bronze, que compõem o monumento, foram fundidas na Itália, em 1913. No entando, a montagem e inauguração da obra ocorreram somente em 1925.


 

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Publicado por Adriano Vieland às 09:41 | permalink | compartilhar
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