
Está na Paulista? Na Praça Oswaldo Cruz? Na Bernardino de Campos? Com as bençãos da Nossa Senhora do Paraíso e de Santa Generosa, siga seus orientados passos como quem deseja atingir a Aclimação. Nada de pressa, pois todo o entorno já se encarrega de fazer isso por você.
A linha é reta, o caminho é simples; cruze os dedos, cruze o viaduto sobre a Vinte e Três. Pouco fôlego, poucos passos: pronto, este é o Paraíso (?). Questionamento ou conclusão? Paraíso? Talvez em outro instante; hoje o que se testemunha é mais uma pobre vítima do esquecimento. Nossa caótica amnésia urbana.
A certeza vem, de leve, tentar nos pregar uma nova peça, mas está lá, com letras brancas, gélidas, em caixa alta, sobre a placa azul-marinho feita de metal. Enraizada sobre o barro queimado dos tijolos, a placa é explícita, curta e grossa no discurso: é a Rua do Paraíso.
Servindo de "suporte à placa", a construção da esquina com a Rua Vergueiro, sem mais informações, talvez seja contemporânea dos tempos em que ali cruzavam bondes, ou de quando ali, fundações para a construção da estação de metrô foram realizadas.
É uma outra parede de tijolos, tristes, maltratados, tatuados com os indecifraveis códigos riscados com o spray de tinta preta, mas que mesmo assim nos faz questão de lembrar que ali, ali é o caminho, é a Rua do Paraíso.
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