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Nossa paulicéia: retratos, retalhos...
08/11/2006
São Bento e as marcas de bala
Face do Colégio de São Bento voltada para o Viaduto Santa Ifigênia, onde pode-se notar, no canto inferior direito da foto, as marcas de bala, testemunhas de conflito ocorrido em 1924. Por Adriano Vieland

Em novembro de 2000, durante uma reportagem num ótimo - e infelizmente extinto - programa de televisão, o monge designado a acompanhar a apresentadora durante seu passeio ao Mosteiro de São Bento, enquanto cedia diversas informações relacionadas ao histórico, mobiliário, relíquias, ambientes e rituais, cedeu uma informação, corrida e sem muitos detalhes, que talvez até tenha passado despercebido por parte dos telespectadores naquele momento, mas que ficou guardada em meu pensamento, alimentando sileciosamente meu fértil terreno imaginário.

Num certo momento o monge, buscando demonstrar a importância, não apenas da ordem, mas também do atual conjunto para a cidade, como testemunha das mudanças ocorridas nos últimos 400 anos, informou que o mosteiro guardava em suas paredes marcas de bala durante um ataque ocorrido na década de 20.

Adormecida, essa lembrança ganhou força após uma visita feita alguns meses atrás, durante um passeio fotográfico numa manhã de sábado, ao largo; saíndo da estação de metrô, subi as escadas no sentido de quem vai para o Viaduto Santa Ifigênia e me deparei com a parede lateral do Colégio São Bento - anexo a basílica - onde identifiquei, na face voltada para o referido viaduto, bem próximo do muro que cerca o conjunto, algumas perfurações na parede.

Sem a certeza de que esses furos fossem os mesmos furos citados durante a entrevista, fiz apenas uma imagem - a que ilustra esse texto; voltei para casa e procurei entre minhas anotações e livros, informações a respeito. Não obtive sucesso. Fiz buscas na internet, e idem.

Resolvi então entrar em contato, através do endereço de e-mail que encontrei no site do Colégio São Bento, e eis que para minha surpresa, algumas semanas depois, recebo a resposta vinda do Prof. Dr. D. Carlos Eduardo Uchôa Fagundes Jr., OBS, reitor do Colégio e Faculdade de São Bento.

Ela confirmava minha suspeita, era essa mesmo a parede, e ainda complementou as informações, repassando que foi durante um ataque das tropas do General Isidoro Dias Lopes à cidade, ocorrido em 1924, que os muros ficaram marcados.

Testemunha de um episódio ocorrido a mais de 80 anos, a parede perfurada está lá, visível, para todos os interessados. Muito obrigado Prof. Dr. D. Carlos Eduardo Uchôa Fagundes Jr., pelas considerações e informações enviadas.


 

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Publicado por Adriano Vieland às 11:56 | permalink | compartilhar
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